Alma de Escritor

ESCRITORES DE ALMA NÃO ESCREVEM;
CEDEM SUAS MÃOS PARA SEREM USADAS
COMO INSTRUMENTO DIVINO.



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Fundão de Grota _Adulto e Juvenil

Para deleite dos seguidores do Blog, gostaria de postar os contos, monólogos e crônicas que são minha especialidade, já que minha veia pulsa com maior intensidade na prosa, mas é necessário manter o ineditismo dos textos para que sejam editados em livros.
Um dia, talvez, encontremos meios para driblar a exigência dos editores, enquanto isso, para não deixá-los olhando o nada, ou fazê-los olhar textos gastos, vou postando meus versos.

Deleitem-se.











Fundão de Grota_Poesia adulta
Autor: Celso da Silva
(Protegida por Direitos Autorais)

Correntina e fronteriça
Doci mé de lixiguana
To inu pra incontrá
Sei qui tu muitu mi ama

Quanu chegá na barranca
Cruzo pru lado di lá
Tarveis u teu pai mi mati
Mais hoje vô ti buscá

Já construí um ranchinho
Só tá fartando pintá
Cum muito amô e carinho
Eu vô ti presentiá

Tem boi pastano no campo
Tropiá pra camperiá
E uma redi na varanda
Pro nosso amô imbalá

Quero ouví ocê dizeno
Quirídu vô ti contá
Aumenta nossa cazinha
Qui a cegonha vai chegá

Tarveiz morra, tarveiz viva
Cu’a nuticia si midé
Mesmu qui eu caia duro
Dê a nutícia muié.







Fundão de Grota
Declaração Juvenil

Intenda, mãe...
Pulamô dideus.

Eu amu ela!
E si dexá diamaréla;
eu num vô mais amanáda!

sábado, 15 de outubro de 2011

Ame a Vida que o Ama














Não reclame da vida, ame-se; respeitando a natureza que o ampara como um filho e amando o semelhante que o rodeia cheio de graça, pois mesmo que não pareça, o amor reside em todo coração, até mesmo naqueles revestidos de aço.
Brinde a vida com atitudes saudáveis, sorrisos sinceros, gratuitos e largos.
Com gestos de cortesia, postura elegante e braços abertos.
Acreditando, ou não, agradeça a Deus pelo ar que respiras, pela água que sacia tua sede, o alimento que mata tua fome e pela tua capacidade de pensar, amar e agir, pois mesmo que não creias, poderias ter nascido amebóide, como tantas amebas nasceram sem poder sequer queixarem-se, quanto mais pensar, amar, sorrir e agir.
Respeite a ti, ao mundo e aos outros seres, que assim, a vida te será leve, e a morte complacente.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poesia Missioneira


Jaime Caetano Braum; Pajador Missioneiro e autor de: Bochincho.

Primeiro entendam o que é Pajada / Payada.

Pajada ou Payada é uma forma de poesia improvisada vigente na Argentina, no Uruguai, no sul do Brasil e no Chile (onde chama-se Paya). É uma forma de repente em estrofes de 10 versos, de redondilha maior e rima ABBAACCDDC, com o acompanhamento de violão.
Pajada remonta os romances e quadras medievais e renascentistas, trazidos pelos povoadores europeus e adaptados as temáticas campeiras. A Pajada está presente no sul da América desde quando as fronteiras eram imprecisas, o que impossibilita dar uma nacionalidade ao gênero artístico.
No sul do Brasil, as pajadas são cantadas em versos em Décima Espinela, no estilo recitado com acompanhamento musical de um músico de apoio, normalmente em ritmo de milonga.

Pajador (ou Payador em castelhano, quer dizer repentista) é o artista da pajada, um repentista que canta seus versos de improviso.

Jayme Caetano Braun nasceu na Timbaúva (hoje Bossoroca), na época distrito de São Luiz Gonzaga, na Região das Missões no Rio Grande do Sul.
Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local.
Jayme sonhava em ser médico, mas, tendo apenas o Ensino Médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curador".


Bochincho

A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirera.
Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.
No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!
Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.

Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!
A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!
Mas o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina,
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto,
Mais sério do que um capincho!
E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!
Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde,
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!
Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça - não creia,
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!
O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada,
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!
Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura,
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!
É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando - de toda guela,
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora,
Levando tudo por diante!
Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos - se eu disser,
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro - alheio a tudo,
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!
E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
- Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta - de repente,
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...

E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!

E a china - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!
E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande - por aí,
No rodeio das alçadas,
Ou - talvez - nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!

domingo, 9 de outubro de 2011

Sobre o Mafuá
















Quero compartilhar com os seguidores do blog a publicação de meu ensaio sobre o padre Antônio Vieira, intitulado: A visão do Padre Antônio Vieira sobre a escravidão. Aproveito para indicar a revista digital do "NUPILL"; Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística da " UFSC" - Universidade Federal de Santa Catarina -, principalmente aos alunos de graduação, pois o material publicado pode ser utilizado como referência e modelo de trabalho acadêmico.

Aproveitem para utilizar esta ferramenta disponibilizada gratuitamente.

http://www.mafua.ufsc.br/numero16.php

sábado, 10 de setembro de 2011

Oração

















Autor:Celso da Silva
(protegido por direitos autorais)


Curvo o corpo aos pés do lenho

imploro-te pai, vem me orientar

Dor do peito, pesando no cenho

Coração cansado, cansou de calar



Carga pesada, tão longo caminho

Grande maldade, muita ingratidão

Homens sem fé, sem luz e carinho

Caminham sozinhos na escuridão


Corrupção, drogas, tráfico, morte

Ganância maldita, vampiro bufão

Sem alma, sem rumo, sem norte

Sugando a vida do próprio irmão



Apaga-se o brilho no rosto inocente

Corpos sem prumo, horizonte ou visão

Vivendo igual bichos, trapos de gente

Sarjetas e valas por teto e por chão



Extermina, meu pai, com golpe fatal

A ganância e o mal, peço-te em oração



Replante na alma, amores, desejos

Apague o opaco da ponta dos dedos

Reponha nas bocas, sorrisos e beijos

Elimine de vez a maldade e os medos



Extermina, meu pai, com golpe fatal

A ganância e o mal, peço-te em oração


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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aniversário da ASAL- Academia Santoamarense de Letras

Sr. José Silveira
Exmo. Presidente da Academia Santoamarense de Letras e Consagrados Confrades e Confreiras.
A Academia Santoamarense de Letras teve a honra de conceder, em 1º de dezembro de 2008, o seu Diploma Acadêmico ao Ilustre Sr. Capitão-de-Mar-e-Guerra, Ubiratan Barbosa Ribeiro dos Santos.
Dessa forma, envaidecido, transmito ao Consagrado Presidente, José Silveira, os presentes votos de felicitações a esta Academia, transmitidos pelo Sr. Ubiratan Barbosa Ribeiro dos Santos, pela passagem do seu 9º Aniversário de fundação.
Respeitosamente,
Sebastião da Cruz
Vice-Presidente


FELICITAÇÕES DO CMG (FN-RM1) UBIRATAN B. R. DOS SANTOS PELO TRANSCURSO DO 9º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DA ACADEMIA SANTOAMARENSE DE LETRAS.
Rio de Janeiro, RJ, em 7 de setembro de 2011.





“Aquele que toma a realidade e dela faz um sonho é um poeta, um artista. Artista e poeta será também aquele que do sonho faz realidade”.

(Malba Tahan, pseudônimo do escritor e matemático brasileiro Júlio César de Mello e Souza)



Ilustríssimos senhores acadêmicos!

Em memória dos escritores Luiz Gonzaga Ramlow e Cacildo Silva, do jornalista Fábio Turnes e do Secretário José Carlos Lückmann, apoiados pelo Prefeito Nelson Isidoro da Silva que viabilizaram aspiração longamente acalentada - a criação da já consagrada Academia Santoamarense de Letras – ASAL -, rendo jubilosa homenagem a essa respeitável entidade, por ocasião de seu 9º aniversário de fundação.

Que as velas representativas da luz-guia dos acadêmicos continuem servindo de farol a tão nobres ideais, defendidos pelos integrantes dessa casa do saber, enaltecendo, cada vez mais, a ASAL, e, por consequência, tão aprazível município - Santo Amaro da Imperatriz. Notadamente, com o fazer literário, uma das mais relevantes formas de levar cultura e lazer aos que têm a ventura e o privilégio de saborear o brilho dos escritos de seleta confraria de acadêmicos. Em especial, dos atuais ocupantes das dezenove cadeiras da entidade literária máxima de Santo Amaro da Imperatriz; enobrecendo seus patronos e precedentes, em tão nobre e gratificante missão, a de contribuir para o engrandecimento da educação e da cultura de Santo Amaro da Imperatriz, de Santa Catarina e do Brasil.

Aceitem, portanto, os meus mais efusivos cumprimentos e felicitações pelo significativo momento, na certeza de que o País detém enorme dívida para com todos os senhores, em razão do imensurável legado que nos deixam; fruto de suas sensibilidades e inteligências, na busca, incessante, do progresso espiritual e humano de parcela significativa dos valorosos catarinenses.

Por derradeiro, destaco que, por uma feliz coincidência, a ASAL aniversaria na data magna de nosso glorioso Brasil – Sete de Setembro -, mais um motivo para refletirmos acerca da importância de todos os senhores, pois, como nos revelou também Malba Tahan,

“Os sábios educam pelo exemplo e nada há que avassale o espírito humano mais suave e profundamente do que o exemplo”.
Com o mais solene respeito e eterna admiração,

Ubiratan B. R. dos Santos
CMG (FN-RM1)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Desabafo de Um Adolescente















Celso da silva
(Protegido por Direitos Autorais)

Fui criança: brinquei, sorri, amei e fui amado.
Nos olhos dos meus pais vi muitas lágrimas e elas brotaram espontaneamente, quando engendrei as primeiras palavras.
Senti orgulho ao vê-lo sorrir e, sorri também.
Ao alçar o primeiro passo escutei a frase de incentivo escapulir entre os lábios do velho: – Anda meu filho, o mundo é teu. O choro embargou a voz de minha mãe e as lágrimas rolaram em sua face sorridente.
A adolescência chegou e diante dela o mundo se abriu.
O universo que pensei estar reduzido a colégio e lar, com a chegada da pré-adolescência, expandiu-se num estalo; amigos; meninas; baladas; festas e... Senti-me uma divindade. Tudo estava ao meu alcance e em breve a maioridade me presentearia com a liberdade que pensei não ter, pois, meu pai, esboçando uma estampa sisuda, com o dedo a balançar ao lado do rosto, repetia sempre que me via pronto a sair. – Mantenha-se longe das drogas, da bebida e das brigas... Selecione os amigos e afaste-se dos problemas. Pegou a camisinha? Questionava mamãe.
Eu respondia um sim, sussurrado, quase não querendo responder e escutava meu pai complementar; sempre. – Não esqueça meu filho: “As atitudes do jovem, alicerçam o homem”.
Segui seus conselhos por anos e por anos fui feliz, mas tinha me tornado adulto e, pra festejar, decidi quebrar as regras seguidas até então.
Balada regada de mina e a pancada do som vibrando no peito. Tudo era divino naquela noitada libertária e a voz da mina, soou como flauta encantada!
- Deixa de ser careta, ao menos uma vez na vida, cochichou a princesa que acariciava meu rosto.
- Verdade - pensei -. Pra tudo existe uma primeira vez. E eu que, até então, bebericara, afoguei-me na liberdade que o álcool injetava em minhas veias, a cada gole.
Mal sentia o tato quando sentei por detrás do volante do carro, que ainda nem era meu. Enterrei o pé na lata, escutei o chiar e ainda senti o cheiro de borracha queimando quando o deslocamento do ar me empurrou de contra o encosto... Cara! Pura adrenalina.
Depois o mundo girou, e eu apaguei, de vez.
Foi por mim mesmo, e pela irresponsabilidade do feito, que meu mundo infinito reduziu-se a este leito.
As lágrimas hoje são minhas e não são de alegria, não consigo sequer secá-las... não sou mais dono de mim mesmo, e meus olhos que corriam pela vastidão do universo, permanecerão pra sempre vislumbrando apenas um teto.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estou de Volta

De volta ao velho aconchego.
É isso ai! Depois de um merecido afastamento das postagens - por motivo justo -, afinal, não é fácil conciliar universidade com cotidiano, principalmente quando se está numa universidade federal cursando letras e, principalmente quando se busca atingir a meta projetada.
Aula num período e nos outros dois estudando, leituras, interpretações e trabalhos acadêmicos. Tudo de acordo! afinal, não existe crescimento sem dedicação. Evidente que esta não é a linha de raciocínio de todos que ingressam na universidade, prova disso é a evasão ocorrida já no primeiro semestre. De um total de quarenta calouros, chegamos ao final da primeira fase com apenas quinze alunos, para preocupação dos professores que disseram nunca ter visto tamanha evasão em início de curso.
Vários foram os questionamentos sobre os possíveis motivos; adivinhem qual a principal alegação? Pasmem... excesso de leitura e de escrita.
Resumindo: estamos num curso de letras, literatura e vernáculas e não queremos perder tempo lendo, escrevendo artigos, resenhas, ensaios e etc. Podemos dormir tarde e acordar cedo se for por motivo de festas, mas se for para construir nosso futuro, estamos fora. Este, certamente é o pensamento dos desistentes.
Bem! Felizmente não é unanimidade, prova disso, são os quinze guerreiros que chegaram ao final do semestre contabilizando notas ótimas. São quinze batalhadores conscientes e persistentes que certamente farão a diferença nos dias vindouros.
Parabéns a esse grupo e a todos que sacrificam horas de lazer e de sono em prol de um alicerçamento próprio que certamente estenderá benefícios a muitos outros.

Aproveitando os primeiros dois dias de férias, escrevi um conto que posto para deleite dos seguidores que ainda não abandonaram o blog, depois desta longa ausência.








Pluridialetalismo: A Babelística Brasileira

Celso da Silva (Protegido por Direitos autorais)

Embeveci meus olhos na infância, ao menos na mais tenra, com a visão de tanques de guerra, caminhões militares, jipes, canhões e milicos batendo coturnos no asfalto das grandes e largas avenidas das cidades em que morei. Uma viatura, em especial, “a pata choca”, atraía meu olhar e me mantinha com atenção pregada nela por todo o deslocamento. Poucos conhecem a legítima pata choca, por isso vou descrevê-la da melhor forma possível; era assim: a cara era de um jipe, bem! Mas nem todo mundo conhece as feições de um verdadeiro jipe militar; perai. Vou descrever detalhadamente alguns aspectos.
Quanto ao perai; antes que surjam críticas... pedirei-vos que respeitem a diversidade lingüística.
A fachada da pata choca, ou do jipe “Willis”, compunha-se de uma grade fronteando o radiador, e abaixo dela, por sobre o pára-choque, um rolo de cabo de aço segurando um gancho que, nos atoleiros, garantia a integridade da viatura. Ladeando as grades, dois faróis ressaltados por debaixo da pala - como se fosse um rosto debaixo de um boné engolido pelo capô -, onde apenas a pala tinha ficado de fora da boca e, não confundam boné, com “bibico”, este pertence ao fardamento militar, de passeio, e não tem pala, mas deixe estar, continuemos a entender a pata choca.
O frontal com cara de jipe e os faróis escondendo-se por debaixo da pala do boné, estampavam a figura caricata de um moleque levado espiando de esguelha. Mas o que mais encantava era a carroceria larga e escarranchada que alguns chamavam de “anca de boa parideira”, essa se parecia com a dita pata que, em tempos de choco arrepia as penas alargando demasiadamente a traseira para acobertar uma “renca” de ovos. Falando em “renca”, que quer dizer “muito”, e “bibico” que é um gorro de costura única e reta em cima fazendo dois bicos, solicito uma breve folheada no dicionário; os termos estão lá.
Para ser mais explícito, era uma carroceria em formato de lata de sardinha miúda que por sua largura permitia acomodarem-se muitos milicos, com certo conforto, exceto quando o motorista arrancava, freava bruscamente e o comandante mandava subir outro tanto; daí sim! Era uma lata de sardinha “grada”, mal dava para mexer os olhos e, possivelmente, esse tenha sido o grande motivo de meu enlevo, pois a magia em fazer dobrar o espaço na carroceria despertava meu instinto sádico e causava frouxos de riso. Ria-me tanto que depois precisava correr em busca de uma árvore com o intuito de desinflar a bexiga para não encharcar as calças.
Sempre me perguntei o porquê do nome “parada”, se o que menos existia era estaticidade nos desfiles do Sete de Setembro. Nas calçadas e sacadas a muvuca corria solta, na avenida, milico e viaturas enfileirados, tal qual “tetas” em barriga de porca, assim mesmo, par a par, ainda que os pares se juntassem formando carreiras de quatro ou seis colunas em movimento sincronizado. Alguém tentou, não lembro quem, justificar o nome “parada”, pelo fato de as tropas e colégios reunirem-se num certo ponto para dali iniciarem o desfile, mas qual parada, qual nada, ali sim era um nervosismo total; arruma aqui, ajeita ali, puxa, estica, desentorta, e ainda existia alguém para enfileirar e colunar as brigadas irrequietas dos estudantes ansiosos para entrar na avenida de passo certo e abanar aos seus que, empertigados buscavam superiorizar as cabeças e destampar os sorrisos para mostrar que estavam ali curtindo os seus, estudantes ou milicos, fossem quais fossem.
Tá certo que, curtindo e muvuca não eram termos utilizados na época da qual me refiro, e muito pouco usados na atual, termos decadentes, diria, ainda assim, prevalecendo-me da diversidade lingüística, permito-me utilizá-los neste texto sem qualquer constrangimento e, sigura ai; o tá e o sigura, na contramão da gramática formal, também entram no meu prevalecimento linguístico.
Bem! Mas, toda essa pataquada de parada do Sete de Setembro, pata choca e coisa e tal, tem uma finalidade maior que é falar do convite que recebi de um colega - enquanto comprava tainha no mercado público de Floripa -, para promover a “Parada da Diversidade Linguística”.
- Existe parada pra tudo; disse o colega. E destrinchou a lista. - Parada da diversidade; marcha da maconha; marcha das vagabundas, carnaval na avenida, festival de Parintins e por ai vai.
Tentei argumentar que; parada, marcha e festival não é a mesma coisa, mas ao escutar em alto e bom tom que estava sendo preconceituoso, coloquei a mão sobre o bolso da calça e calei ao me imaginar pagando uma indenização cabeluda. O colega continuou.
- Tanta merda acontecendo nesse país, tanta marcha inútil. Tentei interromper para dizer que, agora ele estava utilizando-se de preconceito, mas diante da matraca que disparava incessantemente, escutei.
- Uma pilha de vagabundo roubando nossos impostos, a imoralidade desfilando espalhafatosamente e a criminalidade que deveria ser retirada das ruas, sendo posta de volta ao cotidiano. Puta merda, colega, vamo nessa, é preciso comemorar quando surge alguma coisa que preste. - Veja bem! Agora posso falar como fala o nosso povo, como fala as pessoa no dia-a-dia; essa é nossa cara e ninguém vai muda isso, portanto, é preciso grita pra que todos ouça como nóis fala, é assim que a gente somos e assim temos que continua, sendo nóis mesmo; isso ai, na universidade somos acadêmicos, no social formais, mas na comunidade e em casa, nóis é nóis mesmo.
Aquilo não era mais um convite, e nem intimidação; era um discurso efusivo.
- Nóis tem que acaba com a discriminação, inclusive, com essa parada de língua culta; qué dizê que a língua do povão é inculta? È não, isso é diversidade; viva a linguística e viva o século no qual o Brasil descobriu a riqueza oral de seu povo.
- E daí? Vamo fazê a parada lingüística pra comemora esse adianto?
O manézinho da banca que assuntava calado fez um psiu e, desabafou.
- Ô meu quiridu, tão fazendu u qui tinha qui fazê há muito tempo, qui era pará cum essa frescura di discriminação; língua pobre, língua rica... Nóis tudo si comunica i si intendi; num é, quiridu?
A entrada gaiata do Mané engrossou o caldo e me colocou numa sinuca de bico, mas, como todo bom brasileiro desci do salto acadêmico e tasquei.
- Tai! Vamo nessa, parcero, essa parada tem que saí mesmo.
Imaginava eu que, depois de sair dos pampas, gauderiar por esse território continental culturalmente riquíssimo em tradições e diversidade lingüística, sentar praça na bela e Santa Catarina e “bilinguar”, por tempos, um “cataucho” criticado por muitos, tornar-me-ia “pluriguês”, ou seja, um falante plural da diversidade lingüística brasileira.
Depois de alguns segundos de reflexão, retomei a palavra.
- Concordo plenamente com o movimento, apenas questiono; por que não “Movimento Babelístico Nacional”? ao invés de “Parada da Diversidade Linguística”. Até porque, diversidade; parada; marcha e desfile são termos que geram certa ambiguidade, e assim, tornamos o “MBN” claro e essencialmente brasileiro. Que tal?
Nossos traseiros já estavam acomodados nas cadeiras do bar e a segunda garrafa de cerveja acabava de emborcar sobre meu copo, quando o colega saindo do silêncio ao qual tinha se enfurnado no primeiro gole, rabujou.
– Perai, gaúcho; essa sigla tá com cara de partido político.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PROJETO NÔMADE_ Ilha da Magia

Passados noventa dias da disponibilização do último exemplar pertencente ao projeto "NÔMADE", quero registrar que ainda não obtive retorno quanto ao destino de nenhum dos vinte exemplares deixados em locais de grande trânsito de pessoas, de várias classes sociais.
- Só para lembrar -
Este projeto objetiva medir o grau de seriedade e responsabilidade quanto ao objeto disponibilizado a título de cedência - neste caso - para simples leitura, deixados em aeroportos, rodoviárias, fórum...
Quero acreditar que a leitura dos mesmos esteja sendo degustada lentamente e quando menos esperar, ao acessar blog ou e-mail, encontre comentários sobre o destino dos mesmos.
Vamos esperar! Enquanto isso, em meio as postagens do autor, colocarei um pouco de água na boca dos leitores do blog mostrando belezas da ilha da magia.







Vamos iniciar por Santo Antônio de Lisboa.
Essa foi uma das primeiras comunidades fundadas por imigrantes açorianos que chegaram à ilha na metade do século XVIII. Até o início do século passado foi um dos principais pólos da cidade do Desterro - hoje Florianópolis - junto com as Freguesias da Lagoa da Conceição, da Vila Capital (no centro) e do Ribeirão da Ilha.
Santo Antônio de Lisboa é um refúgio de belas construções e paisagens exuberantes.
Da praia pode-se avistar a Baía Norte e o Continente, inclusive o cartão postal da ilha da magia - ponte Hercílio Luz -.
A freguesia conserva além da arquitetura tradicional, costumes herdados pelos colonizadores açorianos.
Eis alguns deles: Festa do Divino Espírito Santo; Terno de Reis e o Cacumbi.
A pesca artesanal encanta turistas e apreciadores da gastronomia a base de frutos do mar. O cultivo de mariscos e ostras abastece vários restaurantes com cardápios variados e exóticos.
À Igreja da Nossa Senhora das Necessidades - na foto -, está situada frente a praça central e além do casario preservado que proporciona uma viagem no tempo, temos o artesanato típico da colonização açoriana - cêramicas de oleiros e rendas de bilro -, para formar um visual de encher os olhos.
Veleiros e barcos de pesca ancorados refletem matizes na água azulada da baía de santo antônio de Lisboa e, apenas 13 quilômetros de rodovia asfaltada o separa do centro de Floripa.

Um convite aos amantes do belo.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

UFSC 2011

As grandes conquistas devem ser compartilhadas.

Estava em viagem ao Rio Grande do Sul e quase chegando ao destino quando o celular emitiu sinal sonoro.
Minha esposa leu a mensagem e; adivinhem??????

Aprovado na Universidade Federal de Santa Catarina. UHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU.

Letras Português e Literatura, ai vou eu.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sepé Tiarajú / Herói Nacional






Sepé Tiarajú agora é herói nacional.
Lei sancionada pelo presidente em exercício José de Alencar, eleva o índio missioneiro ao mesmo patamar de personalidades históricas, como; Tiradentes, Santos Dumont e Zumbi dos palmares.
Passados duzentos e cinqüenta anos de sua morte, o projeto de autoria do deputado federal Marco Maia (PT) coloca o grande defensor da terra missioneira, por lei, a figurar no Livro dos Heróis da Pátria brasileira.
- Chegou à vez de prestarmos o devido reconhecimento à história de coragem e de luta de nosso herói - Sepé Tiarajú -, pelo direito a terra. Afirmou o deputado.
- Esta terra tem dono! Bradou o caudilho quando Portugal e Espanha, após assinarem o tratado de Madri, obrigavam cerca de 50 mil índios cristãos a abandonar suas cidades, igrejas, lavouras, fazendas, gado e também os campos santos onde estavam enterrados seus ancestrais.
Insurgindo-se contra esse tratado, Sepé Tiarajú liderou a resistência dos índios Guaranis.
O caudilho que trazia um lunar estampado na testa tombou combatendo no Batovi, hoje município de São Gabriel, no dia 7 de Fevereiro de 1756.
Com destreza felina e coragem de um predestinado, enfrentou tropas espanholas e portuguesas portando arco, flechas e lanças.
Três dias após sua morte, mil e quinhentos índios foram trucidados na batalha do Caiboaté.
O povo do Rio Grande do Sul, por conta própria, o transformou em santo popular e nominou uma cidade com o nome - São Sepé -.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sina do Mate














S I N A D O M A T E
Autor: Celso da Silva
Texto protegido por direitos autorais).

Topetudo, tal qual o Lombo do Batoví, sorvia a água da cambona, quando o enleio estrondou na coxilha; lancei um vistaço, e assisti o malfado. Primeiro um turbilhão, como se o grande rio despejasse o que tinha tragado, por dias e dias; antes fosse! O som das patas, esmagando a grama descorada misturou-se ao calorento ar, que soprava agourento, como a estender o manto enlutado sobre o Caibaté. E o tufão, não vinha de frente, nem de trás, mas de lado, amadrinhando o caudilho Guarani.
Indiferentes a refrega no campo, três éguas e dois castrados deixavam o capão da Sanga da Bica, quando Tiarajú facetou a vista e, esquadrinhando, vislumbrou o bagual malacara - de peito largo e pata grande - que há poucas luas pisoteara um dos seus, sem dó. No lombo do pata grande, estufado de fidalguia, trotava o comandante espanhol, o mesmo petulante que esporeou e guiou as rédeas sobre o guerreiro Guarani, que depois de a montaria perder-se numa das tantas bocarras do chão, cruzou, lambendo a crina e estatelou-se no costado do Alazão. Feito um gato, ele saltou de pé, mas não resistiu ao trompasso da paletada e tombou. Ao mesmo tempo em que a grande pata afundava a ossada do peito, desprendia-se o urro de guerra, entressachado de dor e, enquanto existir Rio Grande, e os agostos estenderem brancos mantos na vastidão dos campos, zunirá o
timbre nativo nos alambrados das invernadas missioneiras.
Ao alumiar a vista no entorno do algoz, aos ouvidos de Sepé voltou o grito, urrado, entremeado ao estalar de ossos se fragmentando ao baque do casco. Por segundos, seus olhos viram apenas a besta que viera, senão, para pisotear e esmagar a paz que a companhia de Jesus, finalmente, conseguira enraizar na terra de seus ancestrais, dos seus e dos que viriam de si.
Naqueles dias, bruxas européias ordenaram Touros e Tuco Tucos a escaramuçar a terra em favor da avidez, que por sobre a vida, dispõe o tostão. Para tramar ferro com o invasor o cacique esporeou o Baio, mas, por sob o casco se abriu a bocarra e ao falseado da perna, a paleta do Ruano se mesclou ao vermelho da terra.
Tal qual a crina, a cola esbranquiçada, que deveria apontar o chão, virou de ponta, como a indicar o novo caminho por onde Tiarajú deveria seguir e transformar o lunar estampado na testa, em cruzeiro, para indicar aos errantes, os caminhos do Sul.
- Se fué el capitán! Gritou o Dragão da ponta... E, antes de encerrar a frase, saltou do lombo e enterrou a lança na musculatura rígida, que se estirava, para colocar o guerreiro de pé.
As mãos de Sepé Tiarajú - num movimento ágil - conseguiram evitar o trespasse, mas o estanho espanhol afundou na carne, rasgou as estranhas e se acomodou no seio da terra.
Tombado de costas, com o olhar entremeado ao azul e branco do céu guarani, sentiu minguar o rufo no peito e, antes que a luz se apagasse de vez, na chispa do isqueiro, se acendeu a pólvora, derramada sobre o corpo guerreiro, ainda pulsante.
Noites antes, sabedor da desventura de Jussara, que cevava a cuia e me sorvia, como o beija-flor suga o néctar das flores, passeei em seu sonho e pintei o quadro funesto - como se de algo servisse – pois, ao que está escrito, não se muda uma vírgula e, neste inicio de tarde, quando a amada de Sepé estendia os braços, enlaçados ao fardo de caá, na direção do girau, sentiu a fisgada no peito... Seus olhos cerraram e por detrás das pálpebras viu o clarão das labaredas que lhe mostrei no sonho.
Nada eu podia mudar, então sorri ao escutar o galopeio compassado do baio ruano, rumo à cancela aberta no céu, deixando atrás de si, como extensão do próprio corpo, um rastro brumoso de lampejos cintilantes.
Na noite daquele dia, ao redor do fogo de chão, em meio à ufania etílica, mesmo sabendo que a desolação arderia em chamas antes do cair das folhas de Outono, adocei, boca por boca, com o amargo de minhas folhas e talos. O Minuano rusguento do Agosto glacial, verberando as cruzes do cemitério, tinha me segredado, em sotaque erudito de andante, que findaria a paz, mas, não pereceria a raça Guarani. Seus traços, mesmo débeis, desenhariam faces mundo afora e suas mãos se estenderiam alcançando o mate de união.
Naqueles dias, as ervateiras também arderam em chamas, mas, fadadas a unir congraçar e aquecer almas brotaram em meio às coivaras e agora verdejam os campos sulinos, graças a isso, prossigo irmanando e semeando mateadores mundo afora.
Nas noites pampeanas, ao redor do braseiro, enquanto aqueço peitos e almas, deleito-me ao escutar, bradando nas frinchas: Céu, Sol, Sul, Terra e Cor... não somente das cordas das guitarras campeiras, dos foles de gaitas e de bocas campesinas, mas também de citadinas e aquerenciadas que, na armada de doze braças trançadas com oito tentos na rudeza do campo, cincham teatinos que se abancam, para matear, prosear e churrasquear ao pé do gaudério fogo de chão pampeano.


Glossário
Autor: Celso da Silva
(Texto protegido por direitos autorais).

Abancar-se: Assentar-se; significa também começo de ação;

Agourento: De mau agouro, pessimista;

Alumiar a vista: Clarear a visão, achar o foco do objetivo;

Amadrinhando: Radical em madrinha, que é protetor; que dá amparo;

Armada de doze braças: Tamanho da armada do laço;

Baios: Pelagem do cavalo, de cor clara;

Batovi: Cerro localizado na localidade de mesmo nome, na cidade de São Gabriel, de importância histórica, pois lá foi fundada, pelo espanhol Don Félix de Azara, a primeira Vila de São Gabriel do Batovi, que mais tarde deu origem a cidade de São Gabriel. O nome "Batovi" tem origem da palavra indígena "m'baetovi" que significa "coisa amontoada";

Bocarras do chão: Buracos no chão;

Branco manto: Geada;

Caá: Chá ou infusão das folhas da erva mate;

Caibaté: Município gaúcho chamado de terra dos mártires, porque, em Caaró, em terras do atual município de Caibaté, os padres jesuítas Roque Gonzales de Santa Cruz, Afonso Rodrigues e Juan del Castillo foram trucidados por um grupo de nativos contrários à evangelização cristã, liderados pelo cacique Nheçu, um líder guarani que possuia autoridade máxima na região do atual município de Roque Gonzales e comunidades vizinhas. No local foi erguido um santuário em honra aos jesuítas mártires;

Calorento: Diz-se em relação ao clima, de temperatura alta;

Cambona: Utensílio da cozinha campeira, geralmente feito de vasilhame metálico (lata de azeite) envolvido por alça de arame torcido como cabo, servindo como chaleira ou bule. A versão mais sofisticada é conhecida por chicolateira e, se presta ao mesmo fim: aquecer a água para o mate;

Castrado: Animal orquiectomizado;

Caudilho: Refere-se a um líder político-militar no comando de uma força autoritária;

Céu, Sol, Sul, Terra e Cor: Fragmento de música Gaúcha (Cantor e compositor Leonardo) considerada hino popular no Rio Grande do Sul;

Cinchar: Puchar, arrastar pela cincha;

Companhia de Jesus: A Companhia de Jesus, cujos membros são conhecidos como jesuítas, é uma ordem religiosa fundada em 1534, por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo basco Íñigo López de Loyola, conhecido posteriormente como Inácio de Loyola, para combater as idéias de Martinho Lutero e o protestantismo. É hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionário e educacional;

Coxilha: Pequena elevação no terreno, menor do que monte, morrete;

Coivara: amontoado de galhos que sobrou da queimada;

Dragão: Militar do Exército, soldado;

Enleio: Enrosco; briga, luta;

Entressachado de dor: Dolorido, com dores muito fortes;

Estanho espanhol: Projétil de arma de fogo, usados pelos espanhóis;

Girau: Espécie de grade de varas, sobre esteios fixados no chão, que serve de cama nas casas pobres e também de grelha para expor ao sol quaisquer objetos;

Lombo: Garupa;

Malacara: Nome próprio, geralmente dado a cavalos. Também se refere a cânions do Itaimbéxinho, no RS;

Malfado: Malfadado, sem sorte, azarado;

Matear: Sorver o mate. O mesmo que chimarronear, ou seja, tomar o chimarrão;

Paleteada: Batida, pancada com a paleta;

Prosear: conversar, contar causos;

Refrega: Briga, luta;

Ruano: Cor da pelagem do cavalo;

Sorvia: 3ª pessoa do verbo sorver;

Teatino: Diz-se do cavalo, ou de outro animal, ou de objeto que nao tem dono. Aplica-se a pessoa que anda fora de sua terra, como animal sem dono;

Tiarajú: lendário índio guarani, Sepé Tiarajú foi líder da resistência indígena ao Tratado de Madrid (1750) nos Sete Povos das Missões, região oeste do Rio Grande do Sul;

Topetudo: De modo altaneiro, altivo, elevado, de certa arrogância, de certo orgulho; diz-se do chimarrão cevado com fartura de erva mate;

Tuco Tucos: Espécie de roedores;

Trançado de oito: Laço ou sovéu trançado com oito tentos;

Trompasso: Batida de forte impacto;

Turbilhão: Remoinho, rebojo;

Ufania etílica: Bebedeira;

Vistaço: Olhada ao longe;